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MAR
27
27 MAR 2017
EDUCAÇÃO
QUILOMBO BELA CRUZ.
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RIO PARDO E A HISTÓRIA DO RS

No Rio Grande do Sul a influência afro inicia-se em 1809, quando da criação dos quatro primeiros municípios da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Rio Pardo abrangia grande parte deste território, e, por seu caráter comercial e localização geográfica teria facilidade em incorporar ou vender escravos via tráfico interno, pois possuía um importante rio navegável que favorecia o escoamento até o porto de Rio Grande ou para a capital e vice-versa.

            A contribuição cultural dos escravos negros é enorme, na religião, música, dança, alimentação, língua, temos a influência negra, mesmo com a repressão que sofreram.

E é neste contexto rio-pardense que se encontram as terras da fazenda de Dona Jacinta dos Santos, senhora viúva, dona de escravos, que segundo relatos dos habitantes locais, rezava junto com seus escravos colaborando para inserção destes na religião católica.

Dona Jacinta era uma mulher boa e deu a terra para os negros, quando ela faleceu deixou para seus escravos toda a terra, para que ali vivessem, no entanto, boa parte destas viria a ser deles tomada pelos fazendeiros lindeiros conforme relata a advogada Regina Tarantino Velasco através de depoimento.

Após a morte de Dona Jacinta, os escravos resolveram construir uma capela, para pudessem praticar a religião católica, foi então construída a Igreja da Imaculada Conceição da Bela Cruz, sendo mais antiga que a igrejinha dos brancos construída próxima a esta, anos depois. No local existem duas igrejas, uma ao lado da outra, a dos negros e a dos brancos.

Em 1968 foi retirada a cerca que dividia o espaço entre as duas igrejas, considerando-se que até este momento as festividades eram realizadas na mesma data, mas, cada igreja organizava a sua festividade, a cruz de madeira que estava do lado de fora da igreja dos negros foi transferida para dentro sendo reafirmado seu valor místico, religioso e histórico.

Somente em 1970 as comunidades começam a realizar as festas em conjunto, sendo feito convite único a toda população, mantendo cada uma, seu evento em separado, no pavilhão próprio. Em 1972, a procissão da Imaculada Conceição, comum às duas igrejas, passou a sair da igreja dos brancos e terminar na igreja dos pretos e, finalmente em 1975 é implantada a alternância das missas mensais na comunidade, sendo a cada mês a celebração é realizada em uma das igrejas, essa alternância continua sendo a mesma até os dias atuais. Existem hoje, na comunidade cada uma destas igrejas, permanecendo com diretorias separadas.

            Em 2004, o Rincão dos Pretos como era conhecido, foi reconhecido oficialmente como quilombo, pela Fundação Cultural Palmares, pois as terras haviam sido doadas por Jacinta Ana Maria de Jesus de Souza aos seus 87 escravos no século XIX.

A cultura local é diferenciada pelas festas onde a dança Quicumbi, que significa grupo, ainda é preservada, sendo executada com instrumentos da época da constituição do quilombo, mas, também executam com instrumentos atuais, mantendo o ritmo e a melodia das tradições afro.

Essa manifestação religiosa afro-brasileira, semelhante ao sotaque das congadas, é marcada pelos cânticos, geralmente de cunho religioso, que ao longo de doze a quatorze horas são entoados com acompanhamento de tambores, reco-recos e pandeiros. A sonoridade, fortemente marcada por versos e repetições.

O atual presidente da associação da igreja, Sr. Jair David, agradece à inclusão desta comunidade como quilombo e o reconhecimento de sua cultura, bem como todos os benefícios trazidos para a comunidade ressaltando sua cultura diferenciada.

            Em que pese as tradições mantidas no Rincão dos Negros/Rincão dos Pretos/ Quilombo da Bela Cruz, como quer que se denomine, conforme a época ou meio social, é um marco na história do Rio Grande do Sul onde a coragem de uma mulher em deixar todo seu patrimônio para escravos, e estes conseguirem manter parte destas terras, em meio a um pensamento pós-escravocrata sem direitos estabelecidos, uma cultura mantida em meio a críticas, é algo a ser amplamente difundido como parte da verdadeira história de Rio Pardo e do Rio Grande do Sul.

Texto Renatta Meister

Fonte:

KRAMER, Érica (diretora geral). DVD Cultura Rural: Cultura nos Quilombos. Produzido por Arte Digital Vídeo. Porto Alegre: 2006.

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